catraca - site-specific



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Para quem viaja ao encontro do sol,
é sempre madrugada.
Helena Kolody (1985)

O projeto prevê a instalação da obra “Catraca” no Jardinete que leva o nome de minha tia-bisavó Isabel. (na confluência das ruas Prof Julio Moreira e Padre Anchieta)

A professora Isabel Lopes Santos Souza nasceu na cidade da Lapa, Paraná, no dia 05 de dezembro de 1891. Filha de Genésio Luiz Lopes e Clara Lopes e faleceu no dia 09 de janeiro de 1980 em Curitiba.
Cedo sentiu desabrochar-lhe na alma o prazer, a vocação de cuidar, de trabalhar e de conviver com crianças. Despontava, então, como gostava de chamar-se, a professora das primeiras letras.
Já aos 20 anos de idade, em 1911, nomeada pelo então Presidente do Estado, Doutor Francisco Xavier da Silva, assumia o cargo de professora na vila Colombo, iniciando assim, com todo ímpeto do idealismo de uma professora nata - magister - nascitur - sua luminosa carreira de Mestra, superando distâncias, cujo deslocamento diário, naquela época, exigia grandes sacrifícios.
Em 1912, após breve permanência na cidade de Paranaguá, foi transferida para a capital, passando a exercer suas funções primeiramente em Passaúna e, posteriormente, no Ahú. Após essas peregrinações foi transferida para o Grupo Escolar 19 de Dezembro, onde durante 20 anos, exerceu o maior tempo de seu missionário magistério. “Nessa época, eu mesmo tive a honra de ser aluno da inesquecível mestra”, afirmou, alhures, e ex-governador Jayme Canet Junior.
Após prestar seus serviços temporariamente ao Grupo Escolar D. Pedro II, retornou ao Grupo Escolar 19 de Dezembro onde trabalhou até sua aposentadoria, ressalta-se “sem nunca ter deixado de comparecer ao serviço”, durante todo o período de seu longo magistério, conforme certifica seus assentamentos funcionais.
Mestra por vocação, jamais quis abandonar seus alunos. Convidada várias vezes para exercer cargos de Direção ou Inspeção, recusou sempre. Alegava ter nascido para ensinar as primeiras letras e que disso muito se orgulhava.
Sua vida foi quase inteiramente dedicada aos seus alunos, os quais, considerava como próprios filhos.
A experiência do magistério mostrou-lhe que longo é o caminho do ensino por meio de teorias, breve e eficaz por meio de exemplos nos caminhos do amor. Por isso, ensinou com palavras e ensinou com exemplos, pois sabia que as palavras convencem e os exemplos permanecem. Ensinou no lar e na escola, e por onde foi levada seu coração.
Dizia ter aprendido com as crianças uma visão pura e espontânea da vida - um mundo criado por almas dóceis e virtuosas, transbordando o bem e o bom, o justo e o verdadeiro sentimento para habitar o âmago dos corações humanos e espalhar luzes de um mundo melhor, sensato, lógico, ético e promissor.

Jardinete Isabel Lopes Santos Souza / Curitiba PR BRASIL

2017